Justificativa

Desde há muito tempo, um assunto tem causado desconforto à sociedade e despertado as mais variadas reações: a pedofilia. O assunto, a princípio espinhoso, não tem servido de tema para a maioria dos dramaturgos, ainda que um ou outro se aventure por essa trilha vez por outra. Com o advento da internet e o descontrole ao seu acesso, verdadeiras redes de pedofilia se espalharam pelo mundo, trazendo à baila escândalos escabrosos. Em meio a esse redemoinho, a igreja católica, atrelada aos seus dogmas tem sido alvo constante de denúncias e escândalos envolvendo seus membros.

 

O texto de Roberto Francisco não se limita a tratar o tema apenas sob o seu lado escandaloso, o que seria mero oportunismo. Resultado de minuciosa pesquisa, o autor investiga vários aspectos que vão além do que é simplesmente apresentado pelos veículos de comunicação. Um verdadeiro estudo da alma humana se revela nas páginas de seu texto, fazendo com que não desgrudemos os olhos da leitura até que apareça escrita a palavra “fim”. Seus conhecimentos de latim, suas décadas de ribalta, sua extraordinária experiência pessoal e uma seriedade poucas vezes vistas num dramaturgo fazem emergir um texto absolutamente contundente que nos faz refletir sobre as insondáveis sombras que permeiam a alma humana.

 

Esse olhar, sério, crítico, amoroso e apartidário configura o mérito maior desse grande texto que não pode ficar restrito aos poucos que tiveram o privilégio de conhecê-lo. É hora de levá-lo ao grande público.

 

A Cia Encena tem, ao longo de sua trajetória, trazido à cena temas que levem o espectador a refletir sobre sua conturbada condição humana, seja em dramas ou comédias, clássicos ou contemporâneos. Entendemos que um tema, mesmo que tratado de forma cômica, deve refletir os dramas inerentes ao homem, esse ser que tem consciência que é mortal e em nome dessa consciência, comete os mais variados desatinos.

 

“Sexo, Sacerdócio e Sangue” é mais uma etapa nessa trajetória de mostrar que o homem pode e deve melhorar o mundo.